SANTOS – Diego Pituca mal havia chegado com a família às geladas montanhas de Niseko, no Japão, quando anunciou uma pequena pausa no roteiro de férias na neve, aguardado com ansiedade pela mulher, Lidiana, e a filha, Maria Alice. No dia 7 de dezembro, ele repetiria um hábito já conhecido nos meses anteriores: passaria a manhã assistindo pelo tablet a um jogo do Santos, especificamente o que selaria mais um ano de permanência na elite nacional ou um inédito rebaixamento.

“O time tinha feito bons jogos e vencido Palmeiras e Flamengo. Como o último era em casa, pensei: ‘Na Vila, não perde…’.”

Pituca viu, a exatos 17.823 quilômetros de distância, não somente a derrota para o Fortaleza como o episódio mais doloroso dos 111 anos de história do clube, encerrado com marcas de revolta e violência pelos torcedores no entorno da Vila Belmiro. O passeio em família prosseguiu, mas o coração ficou ferido.

Agora, ele pode conduzir novamente o Peixe a uma final do Campeonato Paulista após oito anos – a última vez foi em 2016. A equipe enfrenta o Red Bull Bragantino na próxima quarta-feira, 17, às 20h30 (de Brasília), na Neo Química Arena, em partida única.

“Foi difícil acompanhar tudo de longe, ficava com aquela sensação ruim de não poder ajudar. Infelizmente os japoneses não me liberaram [na metade do ano], então sofri muito como torcedor. [A viagem] era um momento especial para elas, só que eu não tirava mais aquilo da cabeça. Ficava toda hora falando: ‘Se eu estivesse lá, se eu estivesse lá…’. Minha esposa até tentava me ajudar, mas o passeio ficou estranho depois disso”, conta em entrevista exclusiva na edição de março de PLACAR.

Santista por influência de um tio, numa família predominantemente corintiana, Pituca sentiu naquele momento a dor de um torcedor. Com um pré-contrato assinado com o clube desde julho, aceitou readequar as bases acordadas para ajudar na disputa da Série B, mesmo com o interesse de outras equipes da elite – o Internacional era uma delas.

Aquele sorriso: Pituca é um dos pilares da boa campanha do Santos no Paulistão - Alexandre Battibugli/Placar