O futebol iniciou a semana de luto, com as mortes de duas lendas da bola, o brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer, ambos campeões mundiais como atleta e treinador. Assim como o Velho Lobo, o Kaiser (Imperador, em alemão) foi tema de diversas reportagens em PLACAR e concedeu algumas entrevistas à revista. Numa delas, em outubro de 2003, Beckenbauer elegeu o maior atleta de todos os tempos, criticou o excesso de jogadores estrangeiros na liga alemã e lamentou a falha de Oliver Kahn na final da Copa do Mundo de 2002 diante do Brasil.

Beckenbauer, que chegou a jogar ao lado de Pelé no New York Cosmos, não titubeou no eterno debate sobre quem foi melhor: o rei ou o argentino Diego Armando Maradona? “Sem dúvida alguma, o melhor foi o Pelé. Durante 20 anos, ele esteve no topo. Os outros estão abaixo: Maradona, Cruyff, Platini, alguns até me colocam nesse nível…”, afirmou o alemão, em papo com o repórter Maurício Barros durante visita ao Brasil.

Beckenbauer revolucionou o futebol como o primeiro líbero ‘moderno’

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos arquivos, homenageia a lenda alemã, que morreu aos 78 anos, com a transcrição na íntegra desta entrevista:

“Nunca mais joguei futebol”

O Kaiser Franz Beckenbauer, presidente do Bayern de Munique e do Comitê Organizador da Copa 2006, fala da vida de cartola e mete a colher até na polêmica entre Pelé e Maradona

Por Maurício Ribeiro de Barros

O senhor se lembra do Müller, que esteve nas Copas de 1986, 90 e 94 com a Seleção Brasileira? Ele está na entrevista da outra página. Quem foi melhor: ele ou o xará Gerd Müller, seu companheiro na seleção alemã campeã do mundo em 1974?
Claro que lembro, os dois são atacantes e artilheiros. Mas acho que o melhor Müller é o nosso. Fez mais sucesso.

Aliás, como está hoje o Gerd Müller? Ele teve problemas com o álcool e o senhor até o ajudou…
Sim, o Gerd teve esses problemas, mas hoje está recuperado. Ele faz parte da equipe de treinadores do Bayern. Esses dias, recebeu uma homenagem e foi escolhido como o mais importante jogador alemão dos últimos 30 anos.

Ter muitos estrangeiros não prejudica o futebol europeu?
Há uma situação na Alemanha onde os clubes às vezes começam com 11 estrangeiros (risos). Os torcedores aceitam isso e vão para os estádios, porque nós nunca tivemos tantos espectadores como hoje. É assim em vários lugares, na Espanha, na Itália… Temos cada vez mais estrangeiros, e talvez eles estejam bloqueando o surgimento do talento nacional. O talento alemão está sentado no banco de reservas. Hoje, o estrangeiro tem prioridade.