“Não sei como os brasileiros jogam à tarde. O ideal seria à noite”. Soa estranho que esta frase tenha saído da boca do mais brasileiro dos gringos. Em outubro de 1998, em entrevista à PLACAR, Dejan Petkovic ainda dava seus primeiros chutes por aqui e, na condição de estrela do Vitória, sofria para se adaptar ao calor de Salvador.
Nascido em Majdanpek, na atual Sérvia (antiga Iugoslávia), o meia chegara ao Brasil cercado de certa desconfiança após ser dispensado pelo técnico Fabio Capello no Real Madrid, mas logo correspondeu com gols e caiu nas graças da torcida rubro-negra. Trecho do texto destacava o alto salário do meia.
Até meados de setembro, havia marcado 10 gols, 50% do aproveitamento da equipe. Nada mais justo. Afinal, ele consome quase um quarto da folha de pagamento do time, com um salário de 120 000 reais – o teto mais próximo é de 35 000 reais, ganhos por Elivélton e Flávio.
Bem antes de virar ídolo do Flamengo e de se naturalizar brasileiro, Pet ainda falava com um iugoslavo em plena adaptação ao futebol brasileiro. A situação de seu país era motivo de preocupação. Em outra entrevista, em 1999, Petkovic falou sobre os conflitos a guerra na antiga Iugoslávia, hoje dividida em Eslovênia, Croácia, Sérvia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Macedônia.
O blog #TBT PLACAR, que toda quinta-feira recupera um tesouro de nossos arquivos, reproduz na íntegra o texto de outubro de 1998.
Salvador do Vitória
Garantia de gols da equipe, o iugoslavo Petkovic faz a alegria baiana
A principal estrela do futebol baiano é um branquelo troncudo que não gosta de praia, passa longe de pimenta, fala pouco e, ao contrário dos colegas que sonham em pilotar carrões, entrega o volante da sua Blazer 97 a um motorista particular. “É mais confortável”, explica o iugoslavo Dejan Petkovic (pronuncia-se Petikovíti). Aos 26 anos, o meia-atacante, nascido em Majdanpek, município de 15 000 habitantes situado a 200 quilômetros de Belgrado, é a salvação do Vitória. Até meados de setembro, havia marcado 10 gols, 50% do aproveitamento da equipe. Nada mais justo. Afinal, ele consome quase um quarto da folha de pagamento do time, com um salário de 120 000 reais – o teto mais próximo é de 35 000 reais, ganhos por Elivélton e Flávio.
Da mesma forma que abre mão de se preocupar com o trânsito nas ruas, Petkovic não se desgasta nos gramados. Como a maioria dos atacantes habilidosos, coloca-se à frente, esperando a bola. “Ele não é de partir para cima”, repara o zagueiro Émerson, da Portuguesa, que perdeu do Vitória com um gol do iugoslavo. “Tentamos é evitar que a bola chegue nele.” O estilo matador funciona, mas não agrada sempre. “Ele poderia ser mais participativo, principalmente quando o time está sem a bola”, comenta Celso Roth, técnico do jogador no início do campeonato.






