Ancelotti e Vinicius Júnior: parceria de sucesso por quatro temporadas em Madri – Kiko Huesca/EFE
Carlo Ancelottientende que Vinicius Júnior deve ser protagonista na seleção brasileira. Em entrevista exclusiva à PLACAR, o técnico italiano explicou ter conversado com o atacante do Real Madrid sobre o melhor posicionamento com a camisa amarelinha, convencendo-o a atuar mais próximo do gol. O resultado: foram dois gols e uma assistência em quatro partidas, além de elogios pelas boas atuações.
“[O vejo] como um extremo ou como um atacante centralizado”, iniciou dizendo.
“Acredito que um atacante centralizado como Vinicius tem qualidade para marcar muitos gols, tenho falado com ele: ‘olha, quando você está como extremo para marcar gols tem que fazer regates (dribles) três, quatro vezes. Tocar sete, oito vezes na bola. E centralizado, como referência, é suficiente apenas um movimento ao tempo correto para marcar gol’. Ele entendeu, gosta de jogar nessa posição. Podemos aproveitar um jogador que pode ajudar muito como extremo e também muito bem não como um atacante centralizado, porque não sou bobo, não é uma referência dentro da área, mas para atacar a área com espaço, onde é muito perigoso”, completa.
Ancelotti é reconhecido pelo próprio atacante como responsável por uma mutação completa da forma como jogava nos primeiros anos de Espanha. De acordo com o próprio treinador, em uma entrevista concedida em 2024, foram acrescentados “movimentos sem bola” e o entendimento que é possível jogar “por dentro e por fora”, não somente preso a uma faixa do campo – geralmente ao lado esquerdo do ataque.
Vinicius Junior e Ancelotti: brasileiro virou peça-chave no Real Madrid a partir de chegada do italiano em 2021 – AFP
“Ele me convenceu a mudar de posição, eu não queria. Ele me ensinou a jogar por dentro também. Em um ano, evoluí mais do que em todo o anterior”, afirmou o jogador durante uma entrevista ao longo da temporada 2023/24, em que terminou com a segunda colocação na Bola de Ouro e o prêmio The Best, da Fifa, de melhor jogador do mundo. Em números, foram 24 gols e nove assistências em 39 partidas.
A primeira ideia tática sugerida por Carletto era de que o jogador, outrora rotulado como um extremo para servir centroavantes, poderia ser a ponta final de uma construção caso atuasse mais próximo do gol. Ele também foi reeducado a buscar menos jogadas no pé de companheiros e se manter mais fiel ao setor do campo que ocupa, aguardando a bola chegar com maior movimentação.
Na primeira versão, atuou do lado esquerdo do ataque formado ao lado de Benzema, centralizado, e Valverde, o ponta do lado direito. Com a saída do atacante francês e a chegada de Jude Bellingham, passou a jogar também por dentro de forma móvel, muitas vezes invertendo para que Rodrygo ocupasse o setor da ponta esquerda. Na atual temporada, voltou às origens, do lado esquerdo, por conta da chegada de Mbappé, mas não fica preso ao setor.
Ancelotti nutri parceira com Vini Jr. desde o Real Madrid – Jhony Pinho/AGIF via AFP
Até a chegada de Ancelotti, o jogador jamais havia rompido a marca dos dez gols em uma temporada. Logo na 2021/22, a primeira sob o comando do treinador, foram 22 gols e 16 assistências, um claro sinal de que não seria mais um coadjuvante. Ao todo, foram 90 gols e 59 assistências sob o comando do italiano, um total de 149 participações diretas em gols.
Depois de uma estreia apagada com o italiano pela seleção – o empate sem gols diante do Equador, em que se viu preso e previsível pelos marcadores atuando pelo lado esquerdo do ataque -, Vini Jr passou a ocupar a função mais centralizada.
Na partida seguinte, contra os paraguaios, marcou o único gol do jogo atuando justamente como um “centroavante”, apesar das constantes trocas com Martinelli, o escolhido para jogar aberto pelo lado esquerdo. Matheus Cunha, hipoteticamente o camisa 9 pela escalação, jogou como um meia-atacante articulador, enquanto Raphinha ocupou o lado direito do ataque.
Cenário este bastante parecido com o desenhado na última Data Fifa, na goleada por 5 a 0 contra os sul-coreanos. Rodrygo ficou pela esquerda, Vinicius Júnior mais centralizado e Estêvão pelo lado direito, enquanto Raphinha foi o organizador.