Em confrontos pela Copa Libertadores, é comum que surja a dúvida entre os torcedores: o Racing, adversário do Flamengo na semifinal deste ano, é de Avellaneda ou de Buenos Aires? A resposta é: de ambos.

E, embora pareça simples, envolve uma lição pouco conhecida sobre a divisão territorial da Argentina, cuja organização administrativa cria três “camadas” diferentes quando se fala em Buenos Aires: a capital federal (Ciudad Autónoma de Buenos Aires), a província (Buenos Aires) e a região metropolitana (Grande Buenos Aires). Essa distinção é o que muitas vezes confunde até mesmo quem acompanha de perto o futebol sul-americano.

Técnico do Racing, Gustavo Costas, é ídolo como jogador e técnico - EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

Técnico do Racing, Gustavo Costas, é ídolo como jogador e técnico – EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

A verdade é que o clube não pertence à capital, mas sim a uma cidade vizinha com identidade própria. Por outro lado, pertence, sim, à Província de Buenos Aires e também à Grande Buenos Aires.

Ciudad Autónoma vs. Província

Para entender a localização do Racing, é fundamental diferenciar as três “Buenos Aires” existentes no mapa político argentino. A primeira é a Cidade Autônoma de Buenos Aires (CABA), a capital federal.

Ela deixou de fazer parte da província em 1880, quando foi federalizada após décadas de conflito político entre elites portenhas e governos provinciais. Desde então, La Plata se tornou a capital provinciana, enquanto a capital federal passou a ser uma unidade administrativa própria, equivalente a uma província, com prefeito (chefe de governo), constituição local e jurisdição independente.

A segunda referência é a Província de Buenos Aires, um território gigantesco que circunda a capital – e não faz parte dela, ou vice-versa. A provincia possui governo próprio, leis e uma organização municipal baseada em partidos, que equivalem aos municípios brasileiros.