Matéria publicada na edição 1528 de PLACAR, de outubro de 2025, já disponível em versão digital e física em nossa loja

Do alto do apartamento em que vive, bem de frente para a praia de Ipanema, Evaristo de Macedo contempla tranquilo a vista – que até parece não ter fim pela imensidão do mar.

“O senhor ainda vai à praia?”, pergunto. “Às vezes, filho, mas agora é bem mais difícil tomar banho de mar. Vai que ele me leva”, sorri, ao melhor estilo Evaristo, que nos convida a sentar em sua sala com um alerta. “Só cuidado aí que um filho da p… veio me entrevistar e quebrou o braço dessa poltrona. A Norma (esposa) ficou uma fera”, gargalha.

Aos 92 anos, o ídolo de Barcelona, Real Madrid e Flamengo, único jogador a marcar cinco vezes em uma mesma partida pela seleção brasileira – recorde de que se orgulha até hoje –, campeão brasileiro como técnico do Bahia em 1988 e com passagem por 16 clubes, além de três seleções, segue com o humor afiado de sempre. Sai pouco de casa, mas não perde um só jogo pela televisão. “É a minha companheira (risos).”

Antes do início da entrevista, ele grita: “Quem manda nessa p… sou eu”. A fala é seguida de um sussurro: “Pena que ninguém obedece”. E mais gargalhadas.

Evaristo se diz bem resolvido com a vida, não sente saudades do futebol. “Já cheguei à casa dos 90, então não sonho com mais nada.” Ri ao lembrar que chamava a antigos comandados de “ruins” ou “pernas de pau”. “Era brincadeira, era brincadeira… Nos clubes em que estavam não podiam ser ruins assim.”

Evaristo e o inconfundível sorriso lembrado até hoje entre os boleiros - Alexandre Battibugli/Placar

Evaristo e o inconfundível sorriso lembrado até hoje entre os boleiros – Alexandre Battibugli/Placar