Matéria publicada na edição 1526 de PLACAR, de agosto de 2025, já disponível em versão digital e física em nossa loja 

Em 4 de maio de 2012, uma reportagem do caderno esportivo do jornal americano The New York Times desvendava algo até então encoberto para o grande público. Enquanto rios de dinheiro jorravam pelo futebol chinês, recém-batizado de “novo Eldorado” por conta do ambicioso sonho do presidente Xi Jinping de transformar o país em uma superpotência futebolística, apoiado pela chegada de nomes de peso como do francês Nicolas Anelka e do marfinense Didier Drogba, a publicação alertava que o investimento desequilibrado em clubes de futebol do país poderia cobrar um alto preço no futuro.

“Os clubes estão ganhando manchetes com contratações surpreendentes, mas o país não seria mais beneficiado ao investir o dinheiro no desenvolvimento de seus próprios jovens jogadores?”, questionava o Times. Na época, o texto do jornalista americano John Duerden parecia completamente fora do tom. Hoje, soa como profecia cumprida.

A aparente imponência e a rica estrutura chinesa revelaram-se frágeis com o passar do tempo. Treze anos depois do alerta, o país com mais de 1,4 bilhão de habitantes, que investiu pesado na contratação de grandes talentos e estrutura para alavancar o esporte local, mal consegue encontrar 11 jogadores em boas condições técnicas de defender a seleção. O resultado? A China não disputará a primeira Copa do Mundo com 48 países. Nas Eliminatórias, ainda sobraram vexames como o 7 a 0 contra o Japão, maior placar dos 107 anos de história do confronto, e a derrota por 1 a 0 contra a Indonésia, atual 118ª colocada no ranking da Fifa.

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China fez campanha apática nas Eliminatórias e segue sem ir a uma Copa desde 20002 – Wu Zhizhao/Getty Images