Matéria publicada na edição 1526 de PLACAR, de fevereiro de 2025, já disponível em versão digital e física em nossa loja

Qual é a forma mais efetiva para marcar um gol? Bola parada? Cruzamento pelo alto? Troca de passes? Contra-ataque? Chute de longa distância?

O futebol mudou. As linhas estão mais próximas, os espaços diminuíram, e a compactação virou palavra de ordem nos treinos e jogos. É cada vez mais difícil encontrar brechas entre defesa e meio-campo, e o caminho até a meta adversária virou um quebra-cabeça tático. Nesse cenário, as estatísticas ganharam protagonismo.

Munidos de GPS, câmeras e os mais modernos softwares, times contabilizam porcentagem de conversão de tudo quanto é jeito e destino. No fim, como se sabe, o único número que importa é o placar final, e tudo pode ir por água abaixo se a caprichosa resolver bater na trave e sair ao invés de entrar. Mas há como minimizar o peso do imponderável.

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Uma minuciosa análise feita por PLACAR, com base nos gols anotados pelos últimos cinco campeões do Brasileirão e de todos os 64 jogos da Copa do Mundo de 2022, evidencia alguns padrões, que na maioria das vezes refletem o planejamento tático e as características dos atletas envolvidos. Não há receita de bolo. Há equipes que apostam na posse de bola, outras que exploram o contra-ataque ou jogadas aéreas. Algumas priorizam cruzamentos no segundo pau, outras buscam infiltrações rasteiras. E sempre haverá do outro lado um time adversário, que também estudou comportamentos e usará suas próprias artimanhas para ganhar o jogo.

Cada detalhe importa, inclusive o pé de quem cruza. Canhoto ou destro? Pé trocado ou pé aberto? Bola no primeiro pau, no “funil” ou no segundo pau? A única certeza é que a boa e velha união de bons passadores e finalizadores segue sendo um diferencial e tanto.

Fator decisivo dos cruzamentos

Não é coincidência que o Palmeiras bicampeão em 2022 e 2023 tenha tido tantos gols do zagueiro Gustavo Gómez e assistências dos canhotos Gustavo Scarpa e Raphael Veiga, especialistas na batida da bola (e alçados à condição de meias “criativos” muito mais por cumprirem com primor mecânico os cruzamentos do que propriamente por tirarem coelhos da cartola). Quem combina leitura tática, execução técnica e inteligência nos detalhes está larga um passo à frente.

O coordenador do Clube do Remo, Cadu Furtado, destaca uma fase específica do jogo: “Cada vez mais, cresce a relevância das bolas paradas. Os estudos têm mostrado que em torno de 30% a 35% dos gols feitos em uma competição são originados assim. Temos em torno de 130 ações de bolas paradas em uma partida de futebol. São quase 30 minutos de um jogo”. Com passagens pelo setor de análise de desempenho de Cruzeiro e Flamengo (pelo último, conquistou os Brasileiros de 2019 e 2020 e a Libertadores de 2019), o profissional apresenta uma reflexão interessante: