* Coluna do jornalista Éric Frosio, correspondente do L’Equipe e da revista France Football no Brasil desde 2006, no Guia PLACAR da Champions League 2024/205
Apesar dessas grandes orelhas desproporcionais, ela é a mais linda de todas. Quem nunca sonhou em beijar ou abraçar a famosa Liga dos Campeões? Mas não é tão fácil levantar essa joia de 7,5 quilos e 73 centímetros de altura.
Pode perguntar a Ronaldo Fenômeno, Gigi Buffon ou Zlatan Ibrahimovic. Ou também aos clubes franceses. Nenhum saberia te dar o caminho para encontrar o sucesso nessa competição. Em 1993, o Olympique de Marseille até levantou a famosa taça, em Munique, depois de uma vitória por 1 a 0 sobre o poderoso Milan de Silvio Berlusconi.
Só que Bernard Tapie, que estava no comando do clube, foi condenado na Justiça francesa por ter corrompido um jogo do campeonato alguns dias antes da grande final, contra o Valenciennes. O time marselhês perdeu o direito de disputar o Intercontinental daquele ano – em que o Milan foi novamente derrotado, pelo São Paulo, em Tóquio.
Até hoje, quem não é torcedor do Olympique acredita que a Champions League de 1993 não foi limpa, e, fora essa campanha duvidosa, nenhum clube francês jamais conseguiu atingir o Graal. O país está longe de Portugal (quatro títulos) ou da Holanda (que tem seis). É muito estranho, e até inexplicável, estar só na mesma altura que a Romênia (Steua Bucarest, 1986) ou a Escócia (Glasgow Celtic, 1967).
Pior é saber que a histórica Liga dos Campeões foi inventada em 1954 por Gabriel Hanot, ex-jogador francês que se tornou um grande profissional de imprensa no jornal L’Equipe. Ele, com a ajuda do Jacques Ferran, criou essa maravilhosa competição.
Quer dizer que o país que inventou o torneio há 70 anos só o ganhou uma vez? Não dá para acreditar. Seria como organizar seu casamento, mas, em vez de trocar a aliança com sua futura esposa, você passa a noite perto do buffet, olhando os outros curtirem a festa. Que coisa bizarra!






