Ángel Di María fez todos os gols que um menino pode um dia sonhar (em final de Champions League, Copa América, Olimpíada e até Copa do Mundo, sendo campeão em todos os casos), mas nunca gritou tanto uma bola na rede quanto essa. A batida de falta perfeita, com curva, que deu ao Rosário Central o triunfo por 1 a 0 sobre o rival Newell’s Old Boys nos minutos finais, e fez explodir o Gigante de Arroyito no último sábado, 23, retratou como poucas vezes vista o valor de um clássico.
Aos 37 anos, o craque canhoto que tantas vezes brilhou como coadjuvante de luxo de Lionel Messi viveu uma emoção que nem mesmo o amigo, ironicamente torcedor do Newell’s, pôde desfrutar – ao menos por enquanto.
“Faz 18 anos que eu assistia às partidas e queria viver isso. É incrível a festa antes e durante a partida, com o gol, com a minha família. Não posso pedir mais nada”, disse Di María, para depois lembrar. “Ou melhor, posso pedir sim”, se referindo a um possível título com a camisa do clube do coração. Cria da base dos Canallas, ele estreou pelo Rosário aos 17 anos, em 2005, e fez apenas 36 partidas e seis gols antes de brilhar na Europa por Benfica, Real Madrid, PSG e Juventus.
Consagrado por grandes clubes e sobretudo pela seleção, Di María rejeitou pendurar as chuteiras de forma mais sossegada, nos EUA ou no Oriente Médio. Abriu mão de dinheiro e conforto para pagar a dívida de gratidão que dizia ter com as cores azul e amarela e o grito de gol é a prova de que não houve arrependimento algum.
“É um sonho poder estar no Gigante todos os fins de semana, curtir isso com a minha família. Sinceramente, não tenho palavras além de gratidão. Sei que muitas pessoas me criticaram. Ninguém sabe o que eu e minha família sofremos. Esta vitória é para os torcedores, e principalmente para a minha família, minha esposa e minhas filhas, que sofreram comigo, que me apoiaram por mais um ano longe delas para que eu pudesse realizar este sonho, e hoje eu o estou realizando”, afirmou à ESPN de seu país.
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A incrível trajetória de Di María foi contada no documentário Quebrando a Barreira, disponível na Netflix, que compara seu gol no Maracanã na final da Copa América, que encerrou o jejum de título da Argentina, com a abertura de um portal que devolveu a alegria aos argentinos. Seu retorno a Rosário talvez valha um novo filme.







