Não faz tanto tempo assim, foi em janeiro de 2018, que Jair Ventura deixava o Botafogo para ser anunciado pelo Santos como um dos nomes mais badalados do mercado de treinadores.

Aos 38 anos, fluente em inglês e francês, e com um trabalho de respeito pelo clube carioca – quando conseguiu salvar o time do rebaixamento em 2016 e, um ano depois, com um elenco limitado, chegou às quartas de final da Libertadores, semi da Copa do Brasil e fez boa campanha no Brasileirão – o céu parecia o limite para o treinador.

Demitido do Santos após sete meses e rotulado de retranqueiro pela passagem pelo Corinthians naquele ano, mesmo com o vice-campeonato da Copa do Brasil, o treinador terminou 2023 em alta novamente. Ele assumiu o Atlético Goianiense em julho, na 11ª colocação, e conduziu o time a uma guinada improvável de acesso à Série A do Brasileirão.

Foram 11 vitórias, quatro empates e quatro derrotas em 19 jogos, um aproveitamento de 64,9% dos pontos disputados, a melhor campanha de todo o segundo turno da competição.

“Não priorizo o meu modelo de jogo. Quero dar um resultado para o clube, entende? Se fizesse isso no Juventude [em 2021], que tinha 11 jogos para o fim do campeonato, eu ia mostrar o meu trabalho, mas o time terminaria na Série B. O que é mais importante? A instituição ou o modelo de jogo do treinador?”, disse à PLACAR.

“Uma das maiores fake news que sofri foi falarem que tive no Santos um ataque com Bruno Henrique, Gabigol e Rodrygo, mas não escalei por ser retranqueiro. Isso nunca aconteceu”, completou.

O técnico também afirmou se orgulhar de ter conseguido nos últimos quatro anos salvar três equipes de queda: Sport, Juventude e Goiás. “Um rebaixamento marca e todos nós já temos rótulos negativos, mas também temos alguns positivos. O meu positivo é o fato de nunca ter caído”.

Aos 44 anos, ele inicia o ano em Goiânia. Com contrato até o fim do estadual, ainda sem permanência certa para a Série A, mas convicto de que tem pouco a provar após o último trabalho.

“Eu respeito o que as pessoas pensam de mim, mas elas não me definem. Sei do meu tamanho e do meu trabalho”, conclui.

Confira a entrevista exclusiva com o treinador:

Você terminou o ano em alta pela arrancada e o acesso para a Série A com o Atlético Goianiense. É o seu melhor momento desde o início da carreira, em 2016? É a sensação de dever cumprido, sabe? Estou muito feliz. Na verdade, é o quarto ano consecutivo entregando o que os clubes esperavam de mim. Entregamos isso no Sport, em 2020, quando salvamos o time do rebaixamento. No ano seguinte, fizemos o mesmo com o Juventude. E, no último ano, repetimos pela terceira vez o mesmo trabalho com o Goiás, onde não só conseguimos a permanência como também uma classificação para a Sul-Americana. Lembrando que a gente tinha o menor orçamento da Série A e ainda projetamos o vice-artilheiro da competição, o Pedro Raul. Esse ano era um desafio diferente na minha carreira porque eu já havia disputado uma Série B, em 2015, com o Botafogo, mas só como interino.