Texto publicado na edição 1514, de agosto de 2024

O cronômetro do Levi’s Stadium, em Santa Clara, Califórnia, marcava apenas seis minutos do primeiro tempo quando deu-se o desafortunado lance: Vinicius Jr., tão acostumado a apli car dribles, reagiu mal ao levar um chapéu de James Rodríguez e recebeu cartão amarelo pelo toque com o braço no rosto do colombiano. A punição o suspenderia do jogo seguinte, as quartas de final da Copa América contra o Uruguai, pois o atacante do Real Madrid havia recebido outro cartão diante do Paraguai, por reclamação, no fim de um duelo já resolvido – a seleção brasileira vencia por 4 a 1, com dois gols dele. Sem seu principal jogador, a equipe canarinho se despediu dos Estados Unidos com a derrota para a Celeste, nos pênaltis, após empate em 0 a 0. Das tribunas, Vini viu ruir não apenas o sonho do primeiro título pelo Brasil, mas tam bém seu favoritismo aos prêmios de melhor jogador do mundo.

O jogador de 24 anos, bicampeão da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, ambas as vezes marcando na final, sabe que decepcionou na condição de protagonista do Brasil, na ausência do lesionado Neymar. “Falhei ao tomar dois cartões amarelos evitáveis. Novamente assisti à eliminação do lado de fora. Mas, dessa vez, por culpa minha. Peço desculpas por isso. Sei ouvir as críticas e as mais duras, acreditem, vêm de dentro de casa”, escreveu nas redes sociais. Foram apenas dois gols, nenhuma assistência e um punhado de contestações em solo americano. Em meio às férias, o filho mais famoso de São Gonçalo (RJ) assistia ao avanço de seus concorrentes à Bola de Ouro na Eurocopa na Alemanha. O que parecia uma remota ameaça tomou corpo, como comprova pesquisa realizada por PLACAR com 60 jornalistas de diversas partes do planeta. Vini Jr. não é mais o favorito ao prêmio da revista France Football, que será entregue em 28 de outubro, no Théâtre du Châtelet, em Paris. As razões para sua derrocada estão sujeitas a debate.

Depois de mais de 15 anos, a premiação francesa não contará com nenhum de seus dois maiores vencedores, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, que ganharam 13 dos últimos 15 troféus – apenas Luka Modric, em 2018, e Karim Benzema, em 2022, quebraram a hegemonia. O croata do Real Madrid ganhou o prêmio após levar seu país à final da Copa do Mundo da Rússia. Seis anos depois, outro meio–campista de rara classe figura como candidato mais forte à conquista, justamente depois de brilhar em um torneio de seleções: o volante Rodri, capitão da Espanha, campeão e cra que da Euro. Na eleição promovida por PLACAR, que atribuiu seis pontos ao primeiro colocado, quatro ao segundo e três ao terceiro, emulando a Bola de Ouro (confira os critérios do pleito e as diferenças em relação ao prêmio The Best, da Fifa, no quadro da página 22), Rodri foi eleito com 217 pontos, contra 205 de Vinicius e 156 de Jude Bellingham. Antes das competições continentais, o meia inglês do Real, que logo em sua primeira temporada na Espanha assumiu a camisa 5 de Zidane e jogou o fino da bola, despontava como principal concorrente do amigo Vini. Mas, apesar de ter chegado à final da Euro e de ter marcado, de bicicleta diante da Eslováquia, um dos gols mais belos do ano, não manteve a regularidade necessária para convencer o júri. Kylian Mbappé, que também reforçará o esquadrão merengue, foi quem teve, com sobras, as melhores estatísticas de gols e assistências, mas a temporada frustrante por PSG e seleção francesa o alijou da disputa.